
Introdução
»O corpo humano é mortal por natureza. Portanto, doenças são inevitáveis. Por que um homem só vai ao médico quando está doente e não quando está são? Porque não só a doença, mas também o médico é um mal. Sob constante tutela médica, a vida seria considerada um mal e o corpo humano, um objeto a ser tratado por instituições médicas. Não seria preferível a morte a uma vida que seja uma mera medida preventiva contra a morte? A liberdade de movimento não pertence também à vida? O que é qualquer doença se não a vida restringida na sua liberdade? Um médico perpétuo seria uma doença em que nem sequer haveria a perspectiva de morrer, mas apenas de continuar vivendo. Que morra a vida; [pois] a morte não pode viver. O espírito não tem mais razão do que o corpo?«
Karl Marx, Sobre a Liberdade de Imprensa,
capítulo 4, 18421
Durante três anos, vivemos sob a tutela constante não só da medicina, mas também da sua ajudante, a ciência — ou melhor, A Ciência. »Siga a ciência« era o comando repetido incessantemente. Na prática, isso significava: siga os ditames dos políticos, formadores de opinião e burocratas da saúde pública, porque, é claro, eles só agem segundo a mais pura sabedoria divulgada pela ciência. Não tivemos motivos, evidentemente, para questioná‐los, pois isso equivaleria a questionar a própria ciência.2
O que é a ciência? Para descobri‐lo, tudo que se deve fazer é »ouvir os especialistas«. Quem são os especialistas? A julgar por aparições na mídia e em comissões políticas, uma característica que todos eles parecem ter em comum é uma enorme participação material na indústria farmacêutica e nos serviços de saúde com fins lucrativos. Em geral, eles são ou 1) empregados diretamente ou donos de uma ou mais empresas farmacêuticas, ou 2) envolvidos na máquina pública da área da saúde num governo capitalista, seja numa função de pesquisa ou reguladora, ou 3) detentores de algum cargo numa grande universidade de pesquisa ou num hospital.
De fato, os especialistas mais citados parecem ocupar todas as três posições ao longo de suas carreiras. Nas esferas bancárias e de regulações financeiras, ou do complexo militar‐industrial — estruturadas de forma muito semelhante e, muitas vezes, coincidente —, esse tipo de alternância é frequentemente criticado como sendo uma porta giratória geradora de corrupção. Mas, nas áreas de saúde pública e pesquisa científica, presume‐se que isso funcionaria mais como uma centrífuga, cuja rápida circulação garantiria apenas a perfeita pureza de nossos especialistas científicos.
Os partidos marxistas organizados, em grande parte, apenas aceitaram essa imagem ingênua e idealista da ciência. Eles regurgitaram a ideologia da classe dominante e agitaram em favor de sua aplicação, a serviço inequívoco dos interesses dessa classe, simplesmente porque tal ideologia deu a si mesma o nome de »ciência«. Sob essa égide, eles permitiram, ou até encorajaram, um assalto sem precedentes à classe trabalhadora global. Ao que tudo indica, eles esqueceram quantos exemplos de pseudociência elaborados pela classe dominante e por seus servos, no passado, carregavam o selo de ciência e a aprovação quase universal dos »especialistas« relevantes — tais como maltusianismo, raciologia, frenologia, lobotomia, ou até mesmo a »economia política«, aquela »ciência« que O Capital de Marx expôs e refutou de forma tão devastadora.
Mais profundamente, eles perderam de vista o quão rara é a ciência. A maioria das classes dominantes, na maior parte das sociedades humanas na história, julgou que o potencial da ciência para ameaçar seu domínio era muito maior que os seus benefícios e, assim, sufocou‑a. O que é necessário agora é uma verdadeira perspectiva materialista histórica, que leve a sério o prospecto de que é possível regredir — e regredimos, sobretudo desde a contrarrevolução global — para uma sociedade menos científica, apesar de armadilhas que sugerem o contrário. Como apontou Molly Klein, havia algo muito preciso na famosa descrição de Marshall MacLuhan do mundo moderno como uma aldeia global, em vez de, por exemplo, uma cidade: enquanto, por um lado, a modernidade do capitalismo tardio tem sido tecnicamente sofisticada, por outro lado, socialmente, ela se tornou cada vez mais retrógrada, tribal, de mentalidade estreita e supersticiosa. Kary Mullis, que recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1993 pela invenção da técnica PCR sobre a qual repousa todo o edifício do COVID, observou que, »daqui a alguns anos, olhando para nós em retrospectiva, as pessoas vão achar nossa aceitação da teoria do HIV e da AIDS tão idiota quanto nós achamos os líderes que excomungaram Galileu só porque ele insistia que a Terra não era o centro do universo.«3 Mullis foi otimista demais.
Este ensaio pedirá que você considere a proposição de que a virologia moderna e, de fato, muito da ciência médica moderna em geral, como vem sendo praticada nos séculos 20 e 21, não só é tão desconectada da realidade objetiva, mas também um veículo tão eficiente e monstruoso para as ambições mais sinistras da classe dominante como o eram as teorias raciais que justificavam o colonialismo e o imperialismo, a escravidão e o fascismo. Ele enfocará as contradições internas da virologia, a fraudulência dos seus protocolos estabelecidos e as diversas maneiras interligadas pelas quais ela serviu de ideologia legitimadora central para a sociedade de exploração de classes.
Este projeto começou simplesmente como uma resenha do livro Virus Mania, de Engelbrecht et al., visando a levar os argumentos e as evidências nele expostos a um público mais amplo, particularmente na esquerda. Entretanto, ficou claro que as barreiras que muitos ergueram para abordar esses materiais são realmente impressionantes. Então, este ensaio começará (Partes 1 e 2) com uma tentativa de construir um argumento simples, lógico e histórico sobre os motivos por que se deve lidar com a ciência dominante com ceticismo, ainda mais nas condições sob as quais ela é produzida atualmente. Na verdade, uma abordagem marxista realmente rigorosa determina um extremo ceticismo quanto a todo o aparato médico‐científico moderno do capitalismo tardio monopolista e imperialista.
Na Parte 3, será apresentado o caso contra a virologia, particularmente conforme articulado por Engelbrecht et al., mas também informado pela produção de um número crescente de céticos que têm se unido — e sido galvanizados — nos últimos três anos. Infelizmente — e justamente porque esse conhecimento tem sido afastado da esquerda marxista de forma tão eficiente —, as críticas da virologia têm sido formuladas em grande parte de um jeito que pode ser tão falho e pouco dialético quanto a própria virologia dominante. Com frequência, elas são marcadas por desvios tipicamente pequeno‐burgueses, seja em direção a um positivismo extremo, seja a um holismo ou idealismo ingênuos (muitas vezes de fundo religioso). No entanto, a esperança é que, justamente através deste ensaio, as críticas à virologia que têm sido feitas até agora, que ainda assim são profundas e arrasadoras, serão tomadas, criticadas e integradas num relato propriamente científico e materialista histórico.
Por fim, na Parte 4, este ensaio explorará a evolução particular da virologia — e da ciência médica em geral — no contexto da contrarrevolução global, a qual procurei esquematizar em O Imperialismo Hoje é a Práxis da Conspiração.4 Assim como aquele texto era pouco mais que um gesto rumo a um programa de pesquisas corrigido, aqui também, neste trabalho, não será possível fazer mais que um levantamento dos ricos e extensos acervos heterodoxos de pensamento sobre a ciência e a medicina modernas que os marxistas ignoram por sua própria conta e risco. Essas contestações, sem dúvida, parecerão risíveis e absurdas, até mesmo para alguns que têm dúvidas profundas sobre as narrativas dominantes em relação aos últimos três anos de »pandemia« em que vivemos. Eu apenas pediria a você relembrar que não só as grandes pseudociências do passado, mas também milênios de doutrinas religiosas antes delas pareciam tão inquestionáveis e autoevidentes quanto a virologia pode nos parecer hoje. De omnibus dubitandum!
1. Ciência e a Sociedade de Classes
1.1. Ciência e Ideologia
»A ciência é a crença na ignorância dos expertos.
Quando alguém diz ›a ciência ensina isso e aquilo‹, está usando a palavra incorretamente. A ciência não ensina nada; a experiência ensina. Quando te disserem ›a ciência mostrou isso e aquilo‹, você pode perguntar: ›como a ciência mostra isso? Como os cientistas descobriram? O quê? Onde?‹
Não deveria ser ›a ciência mostrou‹, e sim ›este experimento, este efeito mostrou‹. E você tem tanto direito quanto qualquer um, ao ouvir sobre os experimentos — mas seja paciente e ouça todas as evidências —, a julgar se foi alcançada uma conclusão sensata.«
Richard Feynman5
Em sua série de palestras nas Conferências Massey Biologia Como Ideologia6, Richard Lewontin argumentou que a ciência tem duas funções centrais: uma é oferecer técnicas para manipular o mundo; a outra é explicar o mundo. Ao explicar o mundo, a ciência exerce um papel muito importante, ainda que subestimado, como uma instituição de legitimação social.
Para a classe dominante, que determina a alocação de recursos em nossa sociedade — quais projetos de pesquisa obtêm financiamento ou não, quais informações são publicadas ou suprimidas, que práticas ou terapias são encorajadas ou sancionadas —, essas duas funções centrais precisam ser constantemente pesadas e equilibradas. Pois, evidentemente, quanto melhor se entende o mundo, mais fácil é governar. Exceto, é claro, quando esse entendimento é ao mesmo tempo subversivo e difícil de conter. Como explica Richard Levins, »o problema estratégico básico para os donos da ciência: eles precisam de inovação… mas sem o ceticismo e a iconoclastia do iluminismo«, ou seja, eles precisam de uma »revolução burguesa na ciência, mas não na cultura«.7
Todos os marxistas reconhecem que o capitalismo foi, a princípio, um objeto de rigoroso estudo pelos capitalistas e seus dependentes, que precisavam fazer sentido do modo de produção que haviam criado. No entanto, quanto mais clara a imagem que eles permitiam ser produzida, maior o perigo que aquela mesma análise representava para eles próprios. Dessa forma, como observou David Fernbach, tradutor do Capital, »após 1830, o fato inegável da luta de classes dos trabalhadores industriais fez com que a ciência econômica burguesa se retirasse das suas próprias descobertas científicas anteriores, levando à ascensão do economismo vulgar.«8 Então, o projeto de Marx no Capital, como o próprio título enfatizava, era »uma crítica à economia política«. Nessa obra, Marx mostrou que esse campo de pensamento, que se apresentava como uma ciência e era entendido como tal, na verdade era principalmente um meio de ofuscar a realidade para justificar e defender o domínio do capitalismo. Acima de tudo, a economia política fazia com que a riqueza produzida pelos trabalhadores e apropriada pelos capitalistas parecesse um produto do próprio capitalismo (gerado graças à sua especial engenhosidade, à abstinência etc.). Na verdade, apesar de o termo »economia política«, curiosamente, ser agora muitas vezes mal utilizado por acadêmicos »marxianos« para mostrar que estão promovendo uma abordagem mais holística de algum assunto, no tempo de Marx o termo se referia simplesmente àquela área da (pseudo)ciência burguesa que, atualmente, é conhecida como »economia«.
Para colocar de maneira simples: as teorias científicas têm valor de uso para a classe dominante, possibilitando‐lhes manipular não apenas o mundo, mas também os outros — convencê‐los de que a ordem atual das coisas é justificável ou, no mínimo, inevitável. Nesse aspecto, a ciência funciona como uma ideologia. Lewontin argumenta que, com o desfavorecimento do cristianismo que se seguiu à Revolução Francesa, o determinismo biológico tomou o seu lugar como a ideologia legitimadora mais crucial para o domínio da classe capitalista.9 De fato, é digno de nota que formas rudimentares da »doutrina do DNA« darwiniana tenham surgido antes mesmo de que as teorias específicas de Darwin fossem estabelecidas. A literatura do século 19, desde O Morro dos Ventos Uivantes de Emily Brontë até Oliver Twist de Charles Dickens, passando pela série Os Rougon‐Macquart de Émile Zola, é impregnada da noção de que »o sangue vai dizer«. Os poemas de Emily Brontë, com efeito, revelam uma linha de pensamento proto‐darwiniana desenvolvida de forma independente de Darwin.
O problema histórico da burguesia que foi resolvido por essa ideologia pode ser resumido da seguinte maneira: numericamente, a burguesia era pequena demais para derrubar diretamente o Antigo Regime. O equilíbrio de poder entre ela e a classe dominante feudal tradicional formou condições que possibilitaram aos regimes absolutistas desenvolver uma autonomia sem precedentes. Nessas circunstâncias, surgiu a ideologia do liberalismo. Esse campo de pensamento, gerado em grande parte pela pequena burguesia urbana, permitiu, por fim, a ascensão da burguesia, por meio de uma coalizão de profissionais urbanos, comerciantes e amplas porções das massas trabalhadoras — especialmente artesãos e trabalhadores assalariados urbanos.
Contudo, uma vez que a burguesia tomou o poder, rapidamente se deparou com a espada do liberalismo, forjada na batalha com a aristocracia, apontada para ela própria. Uma vez que o direito hereditário aristocrático tinha sido abolido, a burguesia precisava de um meio para justificar a persistência da hierarquia econômica. A biologia, especialmente nas suas formas ideológicas mais virulentas — eugenia, darwinismo social, frenologia —, servia exatamente a esse propósito. Ela permitia que se fizesse o argumento de uma espécie de desigualdade natural. Uma vez que as restrições »artificiais« do feudalismo haviam sido removidas, as desigualdades que persistiam seriam as manifestações inevitáveis de uma desigualdade inerente, inata e imutável, ditada pelo sangue. Obviamente, isso foi usado não só para racionalizar a desigualdade dentro de uma sociedade, mas também entre sociedades, formando os fundamentos de ideologias racistas que justificavam a escravidão e o colonialismo. Esse sedimento, que formou o próprio alicerce da ordem capitalista, também foi o solo onde germinaram teorias mais radicais e sinistras, que instigavam e justificavam o fascismo.
O fato de a biologia ter sido útil dessa forma para a classe dominante não significa que ela fosse simplesmente inútil para a humanidade como um todo. O fato de que uma indústria da biologia pudesse fabricar inverdades não significa que essa indústria histórica só fosse capaz de produzir mentiras malignas, ou que fosse unicamente uma manifestação do poder da classe dominante. Pelo contrário, as ciências naturais praticadas por instituições burguesas conseguiram persuadir as massas experientes com falsidades justamente devido à legitimidade básica dos métodos de suas investigações, bem como ao longo e crescente registro de conhecimento importante e válido revelado por elas. A ciência burguesa tomava como princípio o domínio real, confiável e aproveitável do mundo concreto; os métodos e recursos de investigação científica eram regulados e estimulados rumo à exatidão através do ímpeto, muito real, de explorar o melhor possível o planeta, sua flora e fauna, seus minerais e todas as outras substâncias, incluindo, é claro, os seres humanos. Como todos os empreendimentos humanos desde o início da sociedade de classes, as ciências naturais na era capitalista eram um campo de batalha. Ainda assim, precisamos considerar que, desde o início, elas eram inseparáveis dos interesses da classe cuja ascensão as fez avançar — e profundamente restringidas por esses mesmos interesses.
A tremenda vitória da classe trabalhadora ao derrotar o nazismo na Segunda Guerra Mundial, ainda que parcial, aquietou temporariamente as vozes mais fortes dentre os provedores de pseudociência para a classe dominante, na área da biologia humana. Mas, como a raiz — a desigualdade capitalista — não foi exterminada, o seu recrudescimento era inevitável. Como observou Molly Klein, apesar do descrédito completo de todas essas investigações — tanto por profissionais das ciências naturais e humanas quanto pela consciência coletiva da humanidade —, instituições de vanguarda da classe dominante, como a Universidade de Harvard e a Fundação Rockefeller, continuaram, ao longo do século 20 pós‐guerra, a jogar dinheiro para qualquer um que afirmava haver descoberto alguma evidência de uma raça biológica, seja branca ou negra, na humanidade, e o financiamento sempre estava disponível para a busca, sempre fútil, por uma prova da hereditariedade biológica da preguiça, da violência ou da virtude. Mas, por algum tempo, foi mantido um padrão funcional de maximização da objetividade, além de um consenso político democrático em relação à ética e à utilidade da prática das ciências naturais. Com o apoio dos movimentos sociais radicais dos anos 60 e 70, figuras como Richard Lewontin e Stephen Jay Gould lutaram uma batalha admirável contra o insistente reacionarismo pseudocientífico que tomava as formas de determinismo biológico, sociobiologia, psicologia evolutiva e assim por diante.
Desde a contrarrevolução global que se instalou com a derrota da Grande Revolução Cultural Proletária, esse tipo de pseudociência fascista se tornou predominante, pelo menos na esfera pública. Com a extrema concentração e a consolidação da classe dominante ao menos desde a era neoliberal, temos todos os motivos para acreditar que a fenda que sempre existiu entre a ciência pública e a secreta alcançou proporções inéditas. Como argumentou Klein, vivemos em condições em que, provavelmente, existe muita ciência muito boa sendo feita de forma escondida ou semi‐escondida para a classe dominante e, ao mesmo tempo, histórias e explicações cada vez mais supersticiosas e pseudocientíficas para mascará‐la, disseminadas na forma de ciência e tecnologia comerciais.10 Nada poderia ser mais ilustrativo destas últimas do que a ascensão da virologia.
1.2. Virologia como Ideologia
Em níveis profundamente filosóficos, a virologia é consoante com os impulsos fundamentais da ideologia burguesa e emerge a partir deles. Ela impulsiona a visão atomista que procura causas mecanísticas singulares, omitindo a importância de processos ambientais ou sinérgicos. Ela mantém a fixação pelo material genético como um agente central e, de certa forma, é uma reificação extrema da concepção burguesa do DNA (ou analogamente do RNA) levando‐nos como se fôssemos, nas palavras de Richard Dawkins, »robôs gigantes e desajeitados« manipulados »por controle remoto«. Como observou Lewontin:
»Geralmente se diz que os genes fazem proteínas e são autorreplicáveis. Mas, na verdade, os genes não podem fazer nada. Uma proteína é feita por meio de um sistema complexo de produção química envolvendo outras proteínas, usando a sequência particular de nucleotídeos num gene para determinar a fórmula exata da proteína sendo fabricada. Às vezes se diz que o gene é uma matriz para uma proteína, ou a fonte de informação para desenvolver uma proteína. Dessa forma, ele é visto como mais importante do que o mero maquinário de fabricação. Mas é claro que as proteínas não podem ser fabricadas sem ambas as coisas, o gene e o restante do maquinário. Nenhum é mais importante que o outro. Isolar o gene como sendo a molécula mestra, por assim dizer, é mais um compromisso ideológico inconsciente que coloca as ideias acima da matéria, o trabalho mental como superior ao puramente físico, a informação acima da ação. Os genes também não são autorreplicáveis. Eles não podem fazer mais cópias de si mesmos, não mais do que podem fazer uma proteína. Os genes são feitos por um maquinário complexo de proteínas que os utiliza como modelo para mais genes. Quando nos referimos aos genes como autorreplicáveis, eles são imbuídos de um misterioso poder autônomo que dá a impressão de que eles estão acima dos materiais mais ordinários do corpo. No entanto, se alguma coisa no mundo pode ser chamada de autorreplicável, não é o gene, e sim o organismo inteiro, como um sistema complexo.«11
A virologia, de certo modo, é uma variação ainda mais fanática dessa predisposição ideológica: a elevação dos genes à condição de puros agentes.
É claro que os genes também não são concebidos na virologia como agentes coletivos ou sociais. Pelo contrário, ela se encaixa ainda melhor na imagem hobbesiana‐darwinista de uma natureza hostil e puramente competitiva, um mundo de atacantes, invasores e conquistas hostis a nível celular. De fato, é uma imagem que reflete a própria história do capital: ao longo do último meio milênio, o capital se imiscuiu pouco a pouco nos processos de autorreprodução de vários organismos sociais, subordinando‐os a seu único objetivo: sua própria reprodução e propagação. O campo que antes era semeado para sustentar os camponeses, seu senhor e os dependentes deste agora é semeado com apenas uma consideração em mente: máximo retorno nas transações de mercado, com as quais obter mais capital, para reinvestir numa escala ainda maior. Da mesma maneira como — segundo nos dizem — os vírus tomam conta dos meios de (re)produção do organismo a nível celular, sequestrando‐os para seu insaciável impulso de se reproduzir. Assim, como em tantos outros aspectos, a ciência carrega a marca do modo de produção sob o qual é feita.
No seu cerne, a virologia segue uma espécie de silogismo rudimentar, que é quase uma paródia da visão de mundo atomista. Sabia‐se há muito tempo que parasitas se transmitiam de um hospedeiro a outro e provocavam doenças.12 Com os avanços técnicos, foram descobertas as bactérias, que, tal como os parasitas, eram capazes de se propagar e causar doenças, mas eram muito menores. Esse modelo de doença era muito atraente e logo se tornou o padrão para explicar tantas enfermidades quanto possível, por razões que serão discutidas mais adiante. Então, nos casos em que uma doença podia ser concebida como transmissível, mas para a qual não era possível encontrar nenhum parasita ou bactéria, tinha de haver também algum patógeno, só que ainda menor. Vale a pena notar que, essencialmente, a virologia se pendurou nessas presunções e se estabeleceu firmemente antes que tecnologias como o microscópio eletrônico, que nos possibilitariam realmente »ver« supostos vírus ou confirmar sua existência, fossem desenvolvidas.
O mais importante, para nosso momento atual, é que a virologia tem sido um dos meios mais poderosos de escusar a classe dominante pelas circunstâncias deploráveis que ela impõe à massa da população. As verdadeiras causas da imensa maioria das doenças supostamente virais — e isso é reconhecido implicitamente até por muitos virólogos da vertente dominante, que acreditam que essas condições geram vulnerabilidade a infecções — são as consequências simples e artificiais da sociedade de classes, desde a subnutrição até o envenenamento.
Este último é, talvez, o menos compreendido. A virologia tem funcionado como uma forma geral de transferir a culpa pelas doenças daqueles que nos impõem excesso de trabalho, alimentação inadequada e toxinas para uma força incontrolável da natureza (ou, pelo menos, para o que até este ano era geralmente compreendido como tal). Mas também, com quase certeza, tem sido usada de modo muito mais focado e consciente. Conforme explicou Catherine Austin Fitts:
»Uma toxina provoca uma doença. A toxina pode ser um pesticida, poluição industrial, ou tecnologia de radiação sem fio. A toxina causa dano a milhões de pessoas e a suas comunidades. As empresas ou suas seguradoras podem ter de responder por delitos civis ou criminais. Então, coloca‐se a culpa num vírus. Encontra‐se uma »cura« numa »vacina«. O pesticida ou a outra substância tóxica é retirada assim que a vacina é introduzida e, rapidinho, a doença vai embora. A vacina é declarada um sucesso e seu inventor, um herói. Uma potencial catástrofe financeira foi transformada em lucro, inclusive para investidores e fundos de previdência.«13
Conforme será exposto mais adiante, esse tipo de esquema, embora talvez simplificado demais em alguns aspectos, quase certamente foi empregado — consciente, conspiratória e deliberadamente — com a poliomielite, a fim de encobrir os efeitos do envenenamento por DDT em larga escala.14
Sobretudo agora, a virologia serve como uma justificativa incrível para a vigilância e o controle social generalizados. Pode‐se argumentar que, recentemente, a forma mais eficaz como isso vem sendo levado a cabo é por uma espécie de inversão da ideologia virológica tradicional, inversão essa que culminou no regime global atual.
Resumidamente, como delineado acima, um benefício ideológico central da virologia costuma ser o de deslocar a responsabilidade pela doença e pela morte; afastando‑a das condições sociais impostas pela classe dominante — excesso de trabalho, envenenamento ambiental, vício em drogas ou açúcares refinados ou outros produtos venenosos, estresse e ansiedade, subnutrição, depressão, isolamento, ira e luto; em suma, afastando‑a do capitalismo — e colocando‑a sobre uma força da natureza anônima e incontrolável.
A operação do coronavírus pegou essa formulação e a inverteu, transformando‑a numa justificativa ainda mais perniciosa para um programa ainda mais audacioso: a classe dominante, sagaz, tomou para si a responsabilidade de controlar essa força, apropriando‐se assim do direito de expandir seu campo legítimo de operações até os recônditos mais profundos de nossas células. Bem da mesma forma como, atualmente, a classe dominante está tirando vantagem da sua própria degradação de longo prazo do mundo natural. Através do Green New Deal e de programas associados, ela propõe retificar sua própria criminalidade do passado, internalizando exterioridades negativas. Elementos do mundo natural que antes não eram reconhecidos como propriedade de ninguém (ou eram reconhecidos como propriedade de todos, o que na prática é a mesma coisa) logo serão considerados patrimônios (protegidos por governos e ONGs bonzinhos que só querem mesmo protegê‐los para nós, é claro). Essa falcatrua óbvia para cercar e privatizar até o último centímetro da terra que ainda não esteja sob controle, maquiada como um reconhecimento dos erros do passado, é uma manobra característica da classe dominante atual, cuja vanguarda provém do centro das altas operações financeiras e de inteligência.15
Porém, os detalhes políticos e econômicos da transformação global atualmente em curso estão além do âmbito desta investigação. Aqui, basta notar o apelo profundo, em vários níveis, que a ideologia da virologia tem para a classe dominante, independentemente da sua fundamentação em evidências. Poder‐se‐ia sugerir que, se os vírus não existissem, teria sido realmente muito benéfico para a classe dominante inventá‐los. E, de fato, no mundo virtual e computadorizado em cuja direção eles estão nos encurralando, isso foi exatamente o que eles fizeram.
1.3. Grande Demais para estar Errado?
Alguém poderia admitir que certos elementos da virologia são enfatizados ou suprimidos segundo os interesses da classe dominante, ou que a virologia poderia estar presa a certas cegueiras conceituais — mas que um campo inteiro da ciência, vasto e longamente desenvolvido, poderia errar nas suas premissas fundamentais? Isso parece inconcebível. Porém, nesse ponto, a história é instrutiva.
Muito poucas pessoas creem nos preceitos de mais de uma grande religião — o que significa que quase todo o mundo reconhece que a maioria das religiões, se não todas, é fundamentalmente falsa nas suas bases. Ainda assim, as pessoas se debateram com seu imenso complexo de ilusões durante séculos. Seguiram seus ditames. Encheram bibliotecas elaborando as árvores genealógicas de divindades, as nuances teológicas de inter‐relações espirituais, as mais detalhadas espécies de fenômenos sobrenaturais. Elas sentiram profunda e visceralmente que suas convicções eram confirmadas: que seu(s) deus(es) lhes falava(m), ou que viram a mão deste(s) agindo em suas vidas e nas dos outros; regozijavam‐se em milagres ou castigavam‐se por punições justamente merecidas.
Simplesmente não pode ser que a persistência, ou a escala, ou a complexidade de um sistema de crenças prove que ele não pode estar fundamentalmente errado. Nem mesmo necessariamente a convicção forte que alguém possa sentir de que percebeu seus efeitos. Você pode »pegar« um resfriado, sentir que sabe exatamente quem o »passou« para você, etc. — nesse aspecto, você não é diferente dos muitos que tinham certeza de haver »pegado« escorbuto, quando se acreditava amplamente que ele era contagioso, nem do camponês que sabia ter sido amaldiçoado.
É claro que se poderia replicar aqui que comparar ciência com religião é de um cinismo barato e juvenil. A ciência inclui uma metodologia rigorosa que a diferencia da religião. Ainda assim, como Lewontin observou:
»A ciência não consiste apenas numa coleção de fatos verdadeiros sobre o mundo; é também uma coleção de asserções e teorias feitas por pessoas que se intitulam cientistas. Ela consiste em grande parte no que os cientistas dizem sobre o mundo, seja qual for o estado verdadeiro deste. A ciência não é apenas uma instituição devotada à manipulação do mundo físico. Também tem como função a formação da consciência das pessoas sobre o mundo político e social.«16
Corremos o risco de afundar na semântica, ao tentar diferenciar a ciência daquilo que se intitula ciência. Entretanto, não deveria ser controvertido insistir que a última nem sempre equivale à primeira. Um dos argumentos centrais deste ensaio é que a disciplina moderna da virologia, de formas significativas, é baseada em princípios e práticas que não são consistentes com o método científico como compreendido em geral. [grifo nosso] E que os mecanismos de autoauditoria que supostamente mantêm a integridade da ciência — sobretudo o sistema de revisão por pares — provaram‐se incapazes de corrigir esse curso. Na verdade, vamos sugerir que, numa sociedade de classes com uma distribuição de riquezas tão radicalmente desigual como a nossa, é impossível um sistema de revisão por pares funcionar adequadamente.17
Isso não é uma simples questão de uma área renegada vestindo falsamente o manto da ciência, de forma independente da disciplina legítima. Na verdade, sabe‐se bastante bem que inúmeros exemplos históricos de pseudociências eram amplamente reconhecidos como ciência — inclusive por quase todas as instituições científicas »reais«. Como Harriet Washington documentou:
»Os preceitos do racismo científico, [outrora] levados em alta consideração, hoje em dia soam abertamente racistas, absurdos, ou ambos; mas, nos séculos 18 e 19, o racismo científico era apenas ciência, promulgada pelas melhores mentes nas instituições mais prestigiosas da nação. Outras teorias médicas, mais lógicas, enfatizavam a igualdade dos africanos e colocavam a responsabilidade pela má saúde dos negros nos seus abusadores. Mas estas nunca desfrutaram do apelo da filosofia médica que justificava a escravidão e, com ela, o estilo de vida lucrativo do nosso país.«18
A maioria das pessoas reconhece prontamente que quase toda a ciência racial (inclusive boa parte do que é realizado até hoje, sob nomes tais como sociobiologia ou psicologia evolutiva) é composta quase inteiramente de ficções muito rebuscadas e intrincadas, mas em última análise absurdas e sem fundamento. Para a classe dominante, o benefício científico‐técnico de um entendimento preciso da diversidade humana era consideravelmente menor que os benefícios ideológicos da mitologia racial. Por isso, essa era a »ciência« que eles promoviam.
É crucial enfatizar que isso ocorria ainda que, necessariamente, prejudicasse a manutenção otimizada dos escravos como trabalhadores. De fato, aqueles que insistem que a classe dominante nunca nos mutilaria deliberadamente, já que isso diminuiria nossa capacidade de trabalhar, deveriam lembrar que o mesmo argumento era feito em defesa da escravidão — que, supostamente, incentivava os donos de escravos a tomar cuidado da sua propriedade com mais empenho que um patrão cuidaria de um empregado substituível. Na verdade, sabe‐se bem que a história (não muito distante) da prática médica teoricamente informada pela ciência é repleta de práticas que, hoje em dia, são prontamente reconhecidas não só como absurdas e ineficazes, mas também como grotescas e perigosas. Por exemplo, como aponta Washington, a especialidade da »Medicina do Negro«, praticada no sul dos EUA no século 19, era baseada num »núcleo não testado de mitologia sobre a natureza biológica dos negros«, incluindo »catálogos intermináveis e em grande parte fictícios de características ›raciais‹«.19 Alguns exemplos dessa disciplina são especialmente instrutivos no nosso momento atual.
Considere o caso do Dr. Samuel A. Cartwright, um dos maiores pioneiros na área, nomeado pela Associação Médica da Louisiana para a presidência de um comitê de pesquisa sobre a saúde e a fisiologia dos negros em 1848. Como aponta Washington, ele »colocou em evidência seu trabalho acadêmico com uma enxurrada constante de cartas a jornais e revistas populares defendendo a escravidão com argumentos médicos«.20 A tapeçaria de »doenças ’negras‹ imaginárias, cujos principais sintomas pareciam ser uma falta de entusiasmo pela escravidão«, era tecida de forma tão rica e intrincada como aquela que agora nos confronta sob a égide da virologia. Dentre elas, contavam‐se: drapetomania, a tendência patológica a tentar escapar da escravidão; hebetude, a »preguiça e a indolência singulares que faziam com que os escravos maltratassem e abusassem da propriedade dos seus senhores«; e a Dysaesthesia Aethiopica. Esta última levava a um desejo irracional de destruir a propriedade do senhor e, nas palavras de Cartwright, »difere de todas as outras espécies de doença mental, pois é acompanhada por sinais físicos ou lesões corporais que podem ser descobertas pelo observador médico«.21 Que surpresa, descobriu‐se que escravos rebeldes tinham marcas misteriosas nas costas! Ainda bem que o Dr. Cartwright identificou o tratamento correto — umas boas chicotadas e trabalho duro:
»A queixa é facilmente curável, se tratada sobre princípios fisiológicos sólidos. A pele é seca, espessa e áspera ao toque, e o fígado, inativo. O fígado, a pele e os rins devem ser estimulados à atividade, auxiliando a reduzir o gás carbônico no sangue. A melhor maneira de estimular a pele é, primeiramente, lavar bem o paciente com água morna e sabão; em seguida, untar toda a área com óleo e bater o óleo para dentro com uma tira larga de couro; então, colocar o paciente para fazer algum tipo de trabalho árduo ao ar livre sob o sol, o que lhe compelirá a expandir os pulmões; por exemplo, cortar lenha, dividir trilhos ou trabalhar com serra ou serrote. Qualquer tipo de trabalho cuja execução provoque respiração livre e plena vai servir.«22
Alotriofagia23 entre os escravos, evidentemente causada por desnutrição extrema, era patologizada como Cachexia Africana.24 A fim de justificar o excesso de trabalho em condições inseguras, dizia‐se também que os negros eram imunes ou insensíveis a doenças que se acreditava serem realmente perigosas só para os brancos — como insolação e intermação, ou malária —, apesar da copiosa evidência de que, obviamente, os escravos negros sofriam de todos esses males. A realidade empírica não foi suficiente para reduzir a influência dessas doutrinas ideologicamente importantes.25 Esse campo de pseudociência pernicioso, cruel e disparatado era eficiente o bastante para produzir os atestados de saúde que foram um elemento crucial da economia escravista.
Esse aspecto vale a pena elaborar: o papel dos médicos do sul dos EUA no funcionamento do mercado de escravos era extremamente importante. Atestados de saúde, obtidos para verificar se a qualidade de um escravo valia a sua compra, muitas vezes custavam tanto quanto um tratamento. As doutrinas da »Medicina do Negro«, no mesmo grau em que prejudicavam a exatidão desses diagnósticos, também prejudicavam seriamente a capacidade da classe detentora de escravos de extrair valor destes. Ainda assim, esses fortes incentivos econômicos à exatidão não eram suficientes para superar os incentivos contrários em direção ao obscurecimento; por isso, não prejudicaram as doutrinas absurdas dessa área — como poderia sugerir o materialismo superficial que agora prevalece em grande parte da esquerda. Por mais ridículo que fosse um diagnóstico como o de Dysaesthesia Aethiopica do Dr. Cartwright — que identificava a origem das marcas nas costas dos escravos não nas surras, e sim na sua falta —, em última análise, ainda que tão obviamente errado, esse diagnóstico era mais vantajoso para o senhor de escravos que dava as surras do que um entendimento que responsabilizasse e culpabilizasse o senhor de escravos.
A classe dominante não nos quer saudáveis, não mais do que o bastante para trabalhar para eles dentro de certas condições lucrativas — e não tão saudáveis a ponto de ser mais poderosos do que eles. Não nos quer bem instruídos, apenas instruídos o suficiente para realizar as tarefas que eles nos ditam — e não instruídos o suficiente para enxergar através das suas mentiras. Uma ciência proletária livre conduziria ao primeiro [trabalhadores saudáveis e instruídos], mas a classe dominante visa ao segundo. Confundir as duas coisas é um erro dos mais graves. Como Tony Benn certa vez observou: »uma nação instruída, saudável e confiante é mais difícil de governar.«26
1.4. Sob Que Condições a Ciência é Possível?
Suspeição e desprezo pela indústria farmacêutica — e, por extensão, por ao menos alguns outros aspectos da medicina moderna — são amplamente disseminados entre a população em geral, sobretudo entre os setores mais explorados da classe trabalhadora ao redor do planeta. Esse fato é reconhecido muitas vezes até na imprensa burguesa, embora quase exclusivamente num tom de profundo paternalismo e minimização. Assim, por exemplo, ceticismo em relação a vacinas entre a comunidade afro‐americana dos EUA é minimizado rotineiramente como sendo um legado razoável, porém ultrapassado e desafortunado, de erros passados. As massas ignorantes — supõe‐se — têm de ser instruídas, para o seu próprio bem. Na verdade, em se tratando de pessoas cujo círculo social coincide grandemente com funcionários de ONGs, departamentos de saúde pública e outras entidades que ganhariam financiamento de qualquer campanha nesse sentido, não surpreende que esses indivíduos estejam ávidos por apoiar tais campanhas.
No entanto, os interesses de classe imediatos e vulgares de muitos na esquerda organizada não são uma explicação suficiente aqui. Entre os grupos demográficos que dominam as lideranças das principais organizações de esquerda no Ocidente — principalmente funcionários administrativos [clerks] e trabalhadores intelectuais de vários tipos —, existe um investimento material e psíquico muito mais profundo nas instituições acadêmicas de elite e na »ciência« que elas produzem a serviço da classe dominante. Para a concepção que essa classe tem de si mesma, é central a ideia de que a produção de conhecimento, ainda que financiada e realizada nos termos da classe dominante, é relativamente autônoma e até mesmo auto‐atualizante de alguma maneira. Em particular, eles estão profundamente comprometidos com uma certa concepção de ciência, que enxerga a si mesma como movida total ou ao menos parcialmente por sua própria dinâmica interna.
Essa classe pode até admitir que, sob certas circunstâncias, a ciência pode ser melhor ou pior financiada; linhas de pesquisa importantes podem ser ignoradas por não ser lucrativas; certos regimes (sobretudo aqueles de vilões sinistros não‐ocidentais) podem suprimir certos elementos da ciência. Que isso pode retardar o progresso da ciência, mas que esta, mesmo assim, progride ao longo do tempo, de forma mais ou menos linear. A crença nesse artigo de fé lhes possibilita rejeitar perfunctoriamente os paralelos notados acima — entre as pseudociências do passado, agora bem reconhecidas como tal, e a virologia moderna. »Nós avançamos além dessas condições, temos ciência melhor, que se sobrepõe facilmente à má.« Esse tipo de pensamento foi duramente criticado por Walter Benjamin, que observou:
O assombro com o fato de que os episódios que vivemos no século XX »ainda« sejam possíveis não é um assombro filosófico. Ele não gera nenhum conhecimento, a não ser o conhecimento de que a concepção de história da qual emana semelhante assombro é insustentável.27
A presunção de que a ciência avança consistentemente, de forma linear ou até mesmo exponencial, condiz com uma noção liberal e idealista da história, mas é completamente contrária ao materialismo histórico. Os marxistas reconhecem que a ciência não é um ente autônomo que flutua acima da realidade material: ao contrário, ela emerge de certas condições materiais — e não da maior parte das outras! De fato, a grande maioria dos arranjos sociais humanos não foi favorável ao desenvolvimento da ciência. A ciência está associada de forma mais notável à ascensão do capitalismo — embora, muitas vezes, a natureza precisa e verdadeira dessa associação esteja sujeita a ofuscamentos ideológicos. Como observou J. D. Bernal:
»É evidente para nós agora, ainda que certamente não o fosse na época, que por meados do século 15 alguma coisa nova estava começando. Nós aprendemos a enxergar o Renascimento como um presságio da ascensão do capitalismo, mas não foi antes do século 18 que alguma mudança fundamental foi amplamente reconhecida. A essa altura, através da aplicação da ciência e da invenção, novas possibilidades estavam disponíveis à humanidade, as quais provavelmente teriam um efeito ainda maior no seu futuro do que aquelas decorrentes da agricultura e das técnicas das primeiras civilizações. Só recentemente conseguimos separar, em nossas mentes, o desenvolvimento do empreendimento capitalista daquele da ciência e da libertação geral do pensamento humano. Os dois pareciam ser partes intrinsecamente conectadas do progresso, mas, ao mesmo tempo, paradoxalmente, sua aparição foi recebida como uma prova de que o ser humano estava voltando ao seu estado natural, livre das restrições arbitrárias da religião ou da autoridade feudal. Agora vemos que, embora o capitalismo tenha sido essencial para o desenvolvimento inicial da ciência, dando‐lhe pela primeira vez um valor prático, a importância humana da ciência transcende a do capitalismo em todos os aspectos e, na verdade, o desenvolvimento pleno da ciência a serviço da humanidade é incompatível com a continuidade do capitalismo.«28
Foi a burguesia capitalista, em sua progressiva luta política, ideológica e econômica contra o Antigo Regime, que provocou o primeiro grande florescimento real da ciência. Isso foi possível pela nova libertação do pensamento e do discurso, juntamente com os enormes incentivos à inovação tecnológica que são uma característica estrutural das relações capitalistas.29
Porém, como mencionado anteriormente, o armamento político‐ideológico forjado na luta contra o feudalismo, isto é, o »liberalismo«, não deixava de ter suas contradições. A burguesia, antes que se desse conta, encontrou‐se encurralada pelos trabalhadores, que exigiam uma aplicação consistente e completa dos princípios políticos liberais. Se a igualdade e a democracia são apropriadas na esfera civil, por que não na econômica? Se a subordinação ao poder arbitrário de um monarca ou aristocrata é incompatível com a dignidade do homem, por que não vale o mesmo para um patrão ou um chefe? Os conceitos biológicos do darwinismo desempenharam um papel‐chave em ofuscar ou racionalizar essas contradições: seu chefe é seu superior natural — os capitalistas podiam argumentar — por possuir uma genética superior (embora, é claro, o argumento raramente fosse feito de forma tão escancarada). No entanto, mencionamos essa contradição apenas para sublinhar a relação complicada e contraditória entre o capitalismo, o liberalismo e a democracia. Há uma extensa literatura marxista sobre esse tema que não vamos detalhar aqui.30
Muito menos apreciada é a intersecção igualmente complexa entre o capitalismo e a ciência, mesmo no seu apogeu. Da mesma forma como os capitalistas só estavam interessados na democracia sob condições muito limitadas e específicas, eles também asseguraram por muito tempo que o progresso científico não prejudicasse em nada seus lucros ou sua posição de classe. Isso pode ser percebido de forma mais clara na luta persistente dos capitalistas para impor restrições como marcas registradas e patentes em novas tecnologias ou pesquisas. Mais importante, porém: as condições que incentivaram alguns dos avanços mais incríveis da ciência sob o capitalismo foram fruto dos êxitos da luta de classes dos trabalhadores contra esse mesmo capitalismo.
Sobretudo a batalha exitosa31 pela educação pública — e pelos níveis nutricionais necessários para realmente usufruir dela — foram peças‐chave sem as quais as verdadeiras maravilhas da ciência moderna teriam sido impossíveis. Vitórias históricas da classe trabalhadora, ao estabelecer a URSS, a RPC e os demais regimes Socialistas Reais ou anticoloniais populares, aumentaram massivamente o poder de todos os trabalhadores ao redor do mundo. Essas condições exerceram uma forte pressão nos capitalistas para que empregassem a ciência de maneiras que, pelo menos em parte, fossem benéficas à humanidade — seja na forma de um grande mercado para bens de consumo de alta qualidade, seja em várias formas de de influência democrática direta ou indireta nos orçamentos governamentais. Num nível mais profundo e complexo, que será detalhado mais adiante, a ideologia da ciência, especialmente da virologia, obscureceu os benefícios que as massas haviam conquistado para si através de suas lutas políticas e seu trabalho produtivo. Pois, como vamos mostrar, quase todas as reduções nos índices de doenças e mortalidade que foram atribuídas à intervenção da virologia, na verdade, resultam de melhorias na nutrição e no padrão de vida decorrentes de êxitos na luta dos trabalhadores contra o capital. [grifo nosso]
No entanto, a história específica da virologia será assunto para a Parte 3. Aqui, estamos tratando das condições político‐econômicas sob as quais qualquer ciência humanamente benéfica é possível. No século 20, o socialismo no segundo e terceiro mundos forçou um compromisso social‐democrático entre os trabalhadores e a classe dominante, inclusive no primeiro mundo capitalista. Isso proporcionou uma série de fatores que eram particularmente favoráveis à produção científica. Ainda assim, sobretudo em disciplinas específicas, eles eram contrabalançados por tendências contrárias, profundamente antitéticas à evolução da ciência. Esse equilíbrio de forças está esquematizado no meu ensaio O Imperialismo Hoje é a Práxis da Conspiração, portanto, será apenas resumido brevemente aqui.
A Guerra Fria funcionou como um enorme ímpeto para as tendências centralizadoras inerentes ao capitalismo analisadas por Marx, Lênin e muitos outros. Como Lênin mostrou em seu panfleto O Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo, a monopolização e a financialização já tinham alterado tão profundamente a operação do capitalismo que, a inícios do século 20:
»O capitalismo, chegado à sua fase imperialista, conduz à socialização integral da produção nos seus mais variados aspectos; arrasta, por assim dizer, os capitalistas, independentemente de sua vontade e sem que disso tenham consciência, para um novo regime social, de transição entre a absoluta liberdade de concorrência e a socialização completa.
A produção torna‐se social, mas a apropriação continua a ser privada. Os meios sociais de produção continuam a ser propriedade privada de um reduzido número de indivíduos. O quadro geral da livre concorrência é mantido nominalmente, e o jugo de um punhado de monopolistas sobre o resto da população torna‐se cem vezes mais pesado, mais sensível, mais insuportável.«32
Com um otimismo que, infelizmente, se provou excessivo, Lênin pressupôs que a socialização da produção que havia ocorrido sob o capitalismo imperialista logo estabeleceria as bases para o socialismo. Esse não foi o caso (pelo menos não ainda). Os capitalistas no centro do império ainda não foram derrubados. Pelo contrário, na luta contra o comunismo global, as camadas mais altas da burguesia conseguiram obter um controle radical e sem precedentes sobre os seus colegas subordinados — os escalões mais baixos da burguesia, a pequena burguesia e vários remanescentes feudais. A financialização e a cartelização — que, como Lênin e Marx analisaram, surgiram do capitalismo mas também aboliram aos poucos as condições para o funcionamento deste — tornaram‐se ainda mais pronunciadas. Como argumentei no ensaio citado acima, uma análise materialista rigorosa nos obriga a concluir que o domínio de uma tal »panelinha« imperialista‐monopolista provoca distorções tão tremendas na »economia capitalista« que até levanta a hipótese de um modo de produção qualitativamente diferente. Porém, não é preciso concordar com conclusões tão radicais para entreter a hipótese desenvolvida neste texto: que as assombrosas concentrações de renda e poder que caracterizam a sociedade atual, controlada por redes secretas que se entrelaçam com serviços de inteligência e com os agentes políticos e militares mais poderosos do mundo, não conduzem, nem sequer são minimamente compatíveis com o florescimento da ciência.
Essa concentração de renda corrói por dentro instituições e corpos ostensivamente científicos, corrompendo e distorcendo seu funcionamento ao ponto em que só resta a aparência exterior de ciência. Porém, quanto mais essas instituições se afastam da prática científica real, mais histérica e peremptoriamente vestem o manto da ciência e policiam a participação nela. A ciência é declarada território exclusivo dos membros certificados de instituições e corpos »cientificos«, todos estritamente controlados e regidos pela classe dominante. O físico Richard Feynman identificou corretamente essa tendência e a combatia já em 1966. Um trecho da sua palestra para professores de ciências, já citado anteriormente em parte, vale a pena citar agora de forma mais extensa:
»Outra qualidade da ciência é ensinar o valor do pensamento racional, bem como a importância da liberdade de pensamento; os resultados positivos provenientes de duvidar de que todas as lições sejam verdadeiras. Aqui, vocês precisam distinguir — especialmente no ensino — entre a ciência e as formas ou procedimentos que são às vezes utilizados no desenvolvimento da ciência. É fácil dizer: »nós registramos, experimentamos, observamos e fazemos isso e aquilo«. Você pode copiar esse formato exato. Mas grandes religiões são dissipadas quando se segue a forma sem recordar o conteúdo direto dos ensinamentos dos grandes líderes. Da mesma maneira, é possível seguir a forma e chamar de ciência o que é pseudociência. E assim todos sofremos com o tipo de tirania que temos hoje nas muitas instituições que se colocaram sob a influência de conselheiros pseudocientíficos.
Temos muitos estudos em pedagogia, por exemplo, em que as pessoas fazem observações, listas, estatísticas e assim por diante, mas estas não se tornam ciência estabelecida, conhecimento estabelecido. São apenas uma forma imitativa da ciência, como aquelas pistas de pouso dos ilhéus da Polinésia — torres de rádio e tudo mais — feitas de madeira. Os ilhéus esperam que um grande avião pouse. Eles até constroem aviões de madeira, do mesmo formato que veem nas pistas de pouso estrangeiras à sua volta, mas, curiosamente, seus aviões de madeira não voam. O resultado dessa imitação pseudocientífica é produzir expertos, que muitos de vocês [também] são. [Mas] vocês professores, que estão realmente ensinando para crianças, na educação básica, podem talvez duvidar dos expertos.
Na verdade, também posso definir a ciência de outra forma: a ciência é a crença na ignorância dos expertos.
Quando alguém diz »a ciência ensina isso e aquilo«, está usando a palavra incorretamente. A ciência não ensina nada; a experiência ensina. Quando te disserem »a ciência mostrou isso e aquilo«, você pode perguntar: »como a ciência mostra isso? Como os cientistas descobriram? O quê? Onde?«
Não deveria ser »a ciência mostrou«, e sim »este experimento, este efeito mostrou«. E você tem tanto direito quanto qualquer um, ao ouvir sobre os experimentos — mas seja paciente e ouça todas as evidências —, a julgar se foi alcançada uma conclusão sensata.«33
Ao longo dos últimos três [agora quatro] anos, vimos uma paródia grotesca dessa tendência nas demandas histéricas para se »confiar nos especialistas«. A seguir, vamos mostrar evidências convincentes de que a virologia acadêmica, em particular, é um exemplo gritante dessa mesma pseudociência. Por fim, vamos ter de mostrar como, tragicamente, alguns chamados »marxistas« trocaram o comprometimento de Marx com a investigação científica por um cientificismo vulgar. A verdadeira marca da ciência, é claro, foi identificada pelo próprio Marx: a ciência é difícil, requer esforço. Endossar servilmente a ideologia da classe dominante, em comparação, é bem fácil. Como ele observou em 1872, no prefácio à edição francesa do Capital:
»Não há estrada real para a ciência e só têm possibilidade de chegar aos seus cumes luminosos aqueles que não temem fatigar‐se a escalar as suas veredas escarpadas.«34
A tradução da parte 2 é a seguinte.
Referências
1 N.T.: todas as citações, exceto quando indicado de outra forma, são traduções livres da versão em inglês disponível no texto original.
2 Tim Hains, »Fauci: Attacking Me Is Attacking Science«. Real Clear Politics, 9 jun. 2021, https://www.realclearpolitics.com/video/2021/06/09/fauci_attacking_me_is_attacking_science.html.
3 Torsten Engelbrecht et al., Virus Mania: How the Medical Industry Continually Invents Epidemics, Making Billion‐Dollar Profits At Our Expense (3a ed.). Books on Demand, 2021, Introdução.
4 T. Mohr, »Imperialism Today is Conspiracy Praxis«. Magma – Magazin der Masse, 24 set. 2022,https://magma-magazin.su/2022/09/t‑mohr/imperialism-today-is-conspiracy-praxis/.
5 Richard Feynman, »What Is Science?«. Palestra apresentada no 15o encontro anual da Associação Nacional de Professores de Ciências, Nova York, 1966, em: The Physics Teacher, vol. 7, no 6, 1969, p. 313 – 20, http://www.feynman.com/science/what-is-science/.
6 Richard Lewontin, »Biology as Ideology«. CBC Massey Lectures, programa de rádio, nov. 1990, https://m.youtube.com/watch?v=SHQt7zdOcgk.
7 Richard Levins, »The Two Faces of Science«. Palestra no seminário HealthRoots Political Economy of Health, Harvard School of Public Health, 17 out. 2012, https://www.youtube.com/watch?v=aEA0ut1Guh4.
8 David Fernbach, em: Karl Marx, Capital: A Critique of Political Economy (trad. David Fernbach), vol. 2. Londres: Penguin, 1993, prefácio, 93, nota de rodapé.
9 Lewontin, »Biology as Ideology«.
10 Klein destaca, em particular, o profundo trabalho de pesquisa sendo feito para a DARPA por Michael Levin na Universidade Tufts, baseado de forma substancial na ciência soviética.
11 Lewontin, »Biology as Ideology«.
12 N. T.: muitos médicos e cientistas trabalham com a hipótese de que bactérias e outros microrganismos supostamente patogênicos sejam na verdade consequências, não causas, de doenças provocadas por outros fatores, desafiando assim a hipótese de contágio patogênico. Ver, por exemplo, a biografia de Louis Pasteur por Gerald Geison, The Private Science of Louis Pasteur (Princeton: University Press, 1995), que evidencia as fraudes nos experimentos de Pasteur que supostamente provam a teoria do contágio.
13 Catherine Austin Fitts, »The Injection Fraud – it’s Not a Vaccine«. The Solari Report, 27 mai. 2020, https://home.solari.com/deep-state-tactics-101-the-covid-injection-fraud-its-not-a-vaccine.
14 Jim West, »Everything You Learned About The Cause of Polio is Wrong«. GreenMedInfo, 21 ago. 2015, https://greenmedinfo.com/blog/everything-you-learned-about-cause-polio-wrong.
15 Para uma análise mais extensa dessa estratégia, ver o »fio« de Red Kahina [Molly Klein] em https://twitter.com/RedKahina/status/1448909119113646080, ou seu Substack em https://redkahina.substack.com/, ou suas videoaulas no YouTube [N. T.: a URL original já não existe, o que levanta suspeitas de que o canal original tenha sido removido da plataforma. Entretanto, alguns vídeos ainda podem ser vistos no canal https://m.youtube.com/@jacoblevich3304].
16 Lewontin, »Biology as Ideology«.
17 Ver a Parte 2 deste ensaio.
18 Harriet A. Washington, Medical Apartheid: The Dark History of Medical Experimentation on Black Americans from Colonial Times to the Present. Knopf Doubleday, 2008, p.42.
19 Ibid., p. 32.
20 Ibid., p.36.
21 Ibid.
22 Arthur L. Caplan, James J. McCartney, Dominic A. Sisti (eds.), Health, Disease, and Illness: Concepts in Medicine. Washington: Georgetown University Press, 2004, p. 37.
23 N. T.: tendência a comer coisas que não são comida.
24 Washington, Medical Apartheid, p.36.
25 Ibid., p. 39 – 41.
26 Entrevista com Michael Moore. Sicko, The Weinstein Company, 2007.
27 Walter Benjamin, »Sobre o Conceito de História.« Obras escolhidas (trad. Sérgio Paulo Rouanet), vol. 1. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 222 – 32.
28 John Desmond Bernal, »The Social Function of Science«. The Modern Quarterly, 1938, https://www.marxists.org/archive/bernal/works/1930s/socialscience.htm.
29 Mais precisamente, a busca pela mais‐valia relativa, conforme descrita por Marx no Capital.
30 As mais importantes contribuições recentes a esse acervo incluem O Feiticeiro do Aprendiz (2009), de Ishay Landa, e Liberalismo: uma Contra‐história (2005), de Domenico Losurdo.
31 N. T.: é evidente para nós que, ao se referir a indicadores de educação e nutrição como uma »batalha exitosa« [successful struggle], o autor se encontra influenciado por seu próprio contexto europeu ocidental. Ainda assim, consideramos o argumento válido, por tratar de repercussões globais das referidas vitórias da classe trabalhadora.
32 V. I. Lênin, O Imperialismo, Etapa Superior do Capitalismo (ed. Plínio de Arruda Sampaio Júnior). Campinas: Unicamp, 2011, p. 131, https://www.marxists.org/portugues/lenin/1916/imperialismo/imperialismo.pdf.
33 Feynman, »What Is Science?«
34 Karl Marx, O Capital: Crítica da Economia Política (trad. Editorial Avante!). Prefácio e posfácio à edição francesa. Londres: 1872, https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/livro1/prefacios/04.htm.
Traduzido e publicado pela primeira vez por AntiTecnofascismo (original em inglês aqui)
Imagem: »A morte e o médico« from Der Doten dantz mit figuren : Clage vnd Antwort schon von allen staten der welt, 1495?, wikimedia commons